O xote e o bolero, o samba, o choro e a nobreza de Ibys Maceioh
Por Jorge Barboza
O cantor, compositor e violonista Ibys Maceioh é um artista virtuoso da música brasileira. Sua base melódica passa naturalmente pelo samba e pelo bolero, mas também mergulha em ritmos como o coco de roda e o baião. E a bossa-nova. Nordestino nascido na cidade histórica de Porto Calvo (AL), mora atualmente em Maceió, mas não abre mão do espaço conquistado na metrópole, entre a urbanidade cultural de São Paulo e enlevo fluminense do Rio de Janeiro, cidades onde passou boa parte de seus 60 anos de vida.
É um artista de muita experiência, muitas idas e vindas entre Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro. Já se apresentou em inúmeros palcos por este país afora: nos espaços culturais do Sesc, nos teatros Crowne Plaza e Paulo Eiró e no Centro Cultural da capital paulista, no tradicional Teatro João Caetano do Rio, nos bares e restaurantes onde há um palco e uma platéia cativa, seja em Maceió, Recife ou Fortaleza.
Estreou como músico profissional em 1975, no Festival Internacional de Campos do Jordão, em São Paulo, onde conheceu o consagrado violonista Turíbio Santos e de quem recebeu lições primordiais de música e de vida. Nessa época, gravou um compacto com músicas próprias, “Depois do Vendaval e Otimismo”, e, já morando em São Paulo, apresentado ao contrabaixista Luiz Chaves, passou a tomar aulas com o notório músico do Zimbo Trio, responsável pelo Centro Livre de Aprendizado Musical, o Clam, onde o aluno tornou-se professor, lecionando ali até o ano de 1985.
Ibys Maceió é riqueza alagoana. Lançou os CDs “Suave” (1990) e “Cabelo de Milho” (1992) e, no ano passado, fez uma participação no álbum independente de Rogério Nóia da Cruz, “Pequeno Ensaio de um Poeta em Construção”, ao lado de Dominguinhos, Renato Teixeira e Eduardo Gudin. Neste trabalho, Ibys entra com o blues “Circo”, que abre o CD.
Quando estava preparando o CD “Cabelo de Milho”, em uma viagem de São Paulo a Maceió, o avião fez conexão e pousou em Recife – isso ainda no final dos anos 1980. E lá estava o mestre Luiz Gonzaga na sala de espera. De violão em punho, Ibys se aproximou e entabulou uma conversa com o rei do baião. “Foi um encontro maravilhoso. Dali, fomos para o avião e sentamos juntos. Ainda tinha aquele uisquinho e a gente continuou o papo. Então mostrei uma música que estava compondo, ele gostou, fez algumas sugestões. Infelizmente, morreu logo depois desse encontro e não tive oportunidade de mostrar a ele como ficou essa toada que é ‘Espera sem Fim’, incluída no CD ‘Cabelo de Milho’. É uma parceria minha com o Sílvio Marcio, mas com um toque do mestre Gonzaga”, lembra o compositor.
E bola pra frente. O artista embarca mais uma vez para a paulicéia em busca de novos horizontes. Já tem show marcado no bairro boêmio de Vila Madalena. “Maceió é minha terra, mas é muito devagar. É uma cidade musical, tem sempre lugar onde tocar, mas o pessoal paga muito pouco. E músico não vive de brisa”, queixa-se o artista. Para quem já circulou de norte a sul do país e se apresentou nos grandes e pequenos palcos da vida, e que tocou em programas de TV como o “Som Brasil” do Lima Duarte (Globo), acompanhando Luiz Chaves, e o “Senhor Brasil” do Rolando Boldrin na Cultura, e foi amigo e parceiro de Zé Keti e continua passeando entre o choro e bolero, fazendo-se no samba, no xote e no baião, o céu é o limite.
O próximo passo é gravar CD e DVD e seguir adiante. O repertório está pronto, mesclando composições exclusivas e parcerias. São Paulo aguarda o retorno desse mestre da música alagoana. Bons augúrios para o nobre guerreiro caeté, vida longa para Ibys Maceioh.